quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O ridículo do Amor




Não importava o quanto as pessoas falavam, e nem mesmo que seus argumentos fossem os mais lúcidos, porque depois que resolveu entrar de cabeça em uma relação de dor e sofrimento, nada mais no mundo parecia importar.

Claro que você sabia que estava fazendo papel de maluca, dando uma de alucinada. Mas aquela porcaria de amor que sentia era tão forte e te dominava de tal jeito, que mais parecia uma drogada em crise de abstinência. Sim, a abstinência causada pela rejeição, aquela coisa de quanto menos tem, mais deseja, entende?

E aí não teve jeito, porque nada pior do um "complexo de chutada", para se ferrar de vez.

Noites sem dormir, pesadelos constantes, e a maldita pergunta que não quer calar: "Por que ele me abandonou?" Fala a verdade: quantas vezes não torturou seus vizinhos ouvindo a maldita música do Legião Urbana, Vento no Litoral, um verdadeiro clássico para nove entre dez capachos emocionais? Claro, nada melhor do que curtir uma fossa ouvindo, "Jáááá que você não está aqui o que posso fazer é cuidar de miíiiiiimmmmm..."
Pena que o refrão só ficava na canção, né? Sim, porque cuidar de si, deixar de fazer este papel deprimente, de correr atrás de quem está muito mais feliz sem a sua presença, era algo que nem pensava em fazer. "Eu quero morreeeeeer!!!" Lógico, sofrer tinha aquela coisa de glamour, de sentir-se como uma heroína martirizada, cujo maior pecado era amar demais (argh!!!).

Mas, eis que um dia, já de saco cheio de tanto escutar seus lamentos, o bom Papai do Céu resolveu clarear sua cachola. Bem, pra falar a verdade, Ele estava mais era com vontade de fulminá-la com um raio bem no meio da sua testa. Sim, porque além de suas lamúrias, Ele ainda tinha que escutar as súplicas desesperadas das suas amigas: "Senhor, fazei com que ela pare de falar que está sofrendo!! Eu não agüento mais!!! É muita provação, meu Pai!!"

Coitadas das sua amigas...

Mas, como Ele é Deus, resolveu te dar um choque de realidade, sei lá, fazer com que visse o quanto estava sendo ridícula!

Fala a verdade, não foi um milagre ter acordado naquele dia, sem um motivo aparente, e ter se decidido que já era hora de parar de sofrer? Nossa, parece até que um filme passou na sua mente, não foi? E a raiva que sentiu, então? Puta que los pariu, mas que ódio bravo foi aquele que você sentiu, menina? Foi um ódio de ter chorado tanto por ele, de ter corrido atrás, e até de ter feito macumba para ele voltar!
Sem contar aquela vez que você tentou se matar com seu aparelho de depilação elétrico, e a única coisa que conseguiu foi deixar os pulsos mais aveludados.

É, minha filha, na hora da paixão tudo parece valer a pena. Mas depois, quando acaba, bate uma vontade de sumir, enfiar a cabeça dentro de um buraco: "Gente, não era eu, juro!!! Os alienígenas que invadiram meu corpo é me fizeram fazer papel de palhaça!"

E não tem jeito, porque toda mulher capacho um dia morrerá de vergonha das cagadas que fez por amor!

E como as coisas são engraçadas, não? Você estava cansada de saber que era uma tapada, se sentia como uma perfeita mulherzinha, e ainda vivia repetindo que tinha que se amar e etc e tal, mas o choque de descobrir que não passava de uma ridícula, bem isso já foi demais para agüentar!!!

Na imensa maioria das vezes, quando recebo emails de agradecimentos, muitas mulheres dizem que o que as fez abrir os olhos, não foram palavras doces, cheias de compreensão ( aqui elas não encontram, mesmo!), mas algumas matérias "bem grosseiras", que fizeram com que acabassem morrendo de vergonha. E o mais interessante é que muitas chegaram ao site quando digitaram no google "como esquecer um amor"! Ou seja: são os primeiro sinais da lucidez!! Aleluia!!!
E é sempre assim: "Depois que terminei de ler eu chorei muito, porque vi como estava sendo idiota". Ah, e pra quem não sabe, outra matéria preferida é "VOCÊ TEM MEDO DE PERDER O QUÊ?" , um verdadeiro tapa na cara de mulher iludida!

Agora, o mais interessante é que se eu falasse, se fosse um papo na base do olho no olho, da mesma maneira que muitos tentaram abrir seus olhos e fracassaram, não teria tanto efeito. Sim, porque tem sempre aquela coisa da resistência, da sofredora apegar-se cada vez mais à sua dor diante de condenações, como se estivesse lutando contra o mundo para manter o sagrado direito de sofrer por amor! Mas quando elas estão lá, sozinhas, lendo o que escrevo, mesmo me xingando de tudo quanto é nome (minha orelha esquerda chega a ferver), me mandando para o inferno, dificilmente elas conseguem deixar de refletir.

Sim, muitas confessam que me odiaram, mas que depois descobriram que este ódio era por fazê-las ver o que se negavam à aceitar: QUE TODO SOFRIMENTO É INÚTIL!

Bem, algumas dizem que é um dom que tenho; outras até arriscam dizer que deve ser uma missão, mas se eu acreditasse nisso, diria que deve ser um karma de vidas passadas, por ter sido mercador de escravas brancas!!

Jamais alguém vai querer ser uma ridícula, porque até a mais "digna de pena" do mundo, tem pelo menos uma gotinha de amor-próprio.

E é exatamente esta coisa, de se jogar pra cima, de se valorizar, enfim, de sentir ódio por ser tão fraca, que faz com que muitas descubram que amor não correspondido é ridículo, sim! E que o choro desesperado diante de um chute na bunda é ridículo, que a recusa em aceitar que o outro não te deseja nem pintada de ouro é ridícula.
E que bela porrada na cara foi descobrir que tudo aquilo que você tanto exaltava - como um amor incondicional e outras babaquices românticas - não faziam de você uma grande mulher, mas uma tapada!

Lógico que todo mundo sofre, mas existe um limite para tudo. E este limite não sou eu e nem suas pobres amigas que determinam, mas você. Afinal, a segunda maior revelação que recebeu é que todas as escolhas, sejam boas ou ruins, são suas.

Então, minha filha, escolha não ser infeliz!!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Você é homofóbico?


Você tem preconceito contra gays, lésbicas, travestis ou transexuais? Segundo uma pesquisa da Fundação Perseu Abramo, 45% dos brasileiros dizem que sim, e 25% se reconhecem como homofóbicos – ou seja, sentem ódio de homossexuais.
No mês passado, o Grupo Gay da Bahia divulgou seu Relatório Anual de Assassinatos Homossexuais no Brasil, que mostra que 121 gays, 61 travestis e 8 lésbicas foram mortos no país em 2008. O número é 55% maior em relação a 2007. O estado de Pernambuco e a região Nordeste foram considerados os mais violentos.
No próximo domingo, dia 17 de maio, comemora-se o Dia Internacional da Luta contra a Homofobia. Em vários países do mundo pessoas se manifestam contra a desigualdade de direitos em função de orientação sexual e identidade de gênero.
Este ano, a IDAHO – International Day Against Homophobia and Transphobia está focada especialmente no tema da transfobia – ódio contra travestis e transexuais e que torna complexas e dolorosas atividades que, por puro preconceito, seriam mais simples para os heterossexuais, como atravessar a fronteira de seu país, conseguir um novo emprego, se mudar de casa ou mesmo comprar um celular.
Um manifesto coordenado pela IDAHO faz um apelo:
- à Organização Mundial de Saúde – para que deixe de considerar a transexualidade como um distúrbio mental;
- aos organismos ligados a Direitos Humanos da ONU – para que combatam os abusos aos transexuais e
- a todos os países do mundo: para que garantam às pessoas transexuais tratamento de saúde adequado, incluindo mudança de sexo e troca de gênero em documentos civis, o fim da transfobia e a proteção pela polícia e pela justiça contra qualquer tipo de violência.
No Brasil, a campanha Não Homofobia! também organiza um abaixo assinado para que o Projeto de Lei que tramita no Senado federal e entende a homofobia como crime seja aprovado.
Se você chegou até o final deste post ainda dizendo sim para a pergunta inicial, fique com esse "tanque de paz" que solta bolhinhas de sabão e torne a sua vida mais cor de rosa – e menos preconceituosa!

Thays Prado 15 de maio de 2009

quarta-feira, 20 de julho de 2011

"Quem deixa a Deus fora das suas contas, não sabe contar"


Em geral, a discórdia entre cientistas dá-se sobre aquilo que é acidental, embora também ocorra no essencial, justamente quando se deixa de contemplar o real.

O coração tem razões que a própria razão desconhece e por isso a ciência e a técnica sempre ficarão aquém;

Deus de Abraão, Deus de Isaac, Deus de Jacó, e não dos filósofos e dos sábios.

Certeza, certeza, sentimento, alegria, paz.

Deus de Jesus Cristo.

Deum meum et Deum vestrum (meu Deus e vosso Deus).

Esquecimento do mundo e de tudo, menos de Deus.

Não se encontra fora das vias ensinadas no Evangelho.

Grandeza da alma humana.

Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci.

Alegria, alegria, alegria, lágrimas de alegria.

Eu me separei dEle,

Derliquerunt Me fontem aquae vivae (Abandonaram a Mim, fonte da água viva).

"Abandonar-me-ias vós, meu Deus?"

Que eu não separe dele pela eternidade.

A vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o Deus único e verdadeiro e aquele que enviaste, Jesus Cristo.

Jesus Cristo, Jesus Cristo,

Eu me afastei dEle, evitei-O, reneguei-O, crucifiquei-O, que eu jamais me separe dEle. Não se conserva senão pelas vias ensinadas no Evangelho.


Non obliviar sermones tuos. Amen (Não me esquecerei das tuas palavras. Amém) (Mondin, 1981)


-=> " Quando comecei o estudo do homem, vi que estas ciências abstratas não são próprias do homem e que eu me encontrava mais fora de minha condição ao penetrá-las que os outros a ignorá-las."

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Metafísica - Luis Fernando Veríssimo

Quando Einstein morreu foi para o céu, o que o surpreendeu bastante. Assim que chegou, Deus mandou chamá-lo.
- Einstein! - exclamou Deus quando o avistou.
- Todo-Poderoso! - exclamou Einstein, já que estavam usando sobrenome. E continuou: - Você está muito bem para uma projeção antropomórfica da compulsão monoteísta judaico-cristã.
- Obrigado. Você também está ótimo.
- Para um morto, você quer dizer.
- Eu tinha muita curiosidade em conhecer você - disse Deus.
- Não me diga.
- Juro por Mim. Há anos que Eu espero esta chance.
- Puxa...
- Não é confete, não. É que tem uma coisa que eu queria lhe perguntar...
- Pois pergunte.
- Tudo o que você descobriu foi por estudo e observação, certo?
- Bem...
- Quer dizer, foi preciso que Eu criasse um Copérnico, depois um Newton etc. para que houvesse um Einstein. Tudo numa progressão natural.
- Claro.
- E você chegou às suas conclusões estudando o que os outros tinham descoberto e fazendo suas próprias observações de fenômenos naturais. Desvendando os meus enigmas.
- Aliás, parabéns, hein? Não foi fácil. Tive que suar o cardigã.
- Obrigado. Mas a teoria geral da relatividade...
- Sim?
- Você tirou do nada.
- Bem, eu...
- Não me venha com modéstia - interrompeu Deus. - Você já está no céu, não precisa mais fingir. Você chegou à teoria geral da relatividade por observação e dedução. Você a bolou. Foi uma sacada. É ou não é?
- É.
- Maldição! - gritou Deus.
- O que é isso?
- Não se escapa da metafísica! Sempre se chega a um ponto em que não há outra explicação. Eu não aguento isso!
- Mas escuta...
- Eu não aguento a metafísica!
Einstein tentou aclamar Deus.
- A minha teoria ainda não está totalmente provada...
- Mas ela está certa. Eu sei. Fui eu que criei tudo isso.
- Pois então? Você fez muito mais do que eu.
- Não tente me consolar, Einstein.
- Você também criou do nada.
- Eu sei! Você não entendeu? Eu sou Deus. Eu sou a minha própria explicação. Mas você? Você não tem desculpa. Com você foi metafísica mesmo.
- Desculpe. Eu...
- Tudo bem. Pode ir.
- Tem certeza que não quer que eu...
- Não. Pode ir. Eu me recupero. Vai, vai.
Quando Einstein saiu, viu que Deus se dirigia para o armário das bebidas.

VERISSIMO, Luis Fernando. Orgias.
Porto Alegre: L&PM, 1998. pp.91-93